Identificando motivos para invalidez de patente: 5 armadilhas da técnica anterior

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No complexo mundo do direito de propriedade intelectual, as pesquisas de nulidade de patentes desempenham um papel crucial na determinação da sustentabilidade de uma patente.  

Este processo envolve a descoberta meticulosa de evidências anteriores à patente em questão, conhecidas como estado da técnica, que podem provar que a invenção não era nova nem não óbvia no momento do seu depósito.  

Tais conclusões podem impactar significativamente o resultado de litígios de patentes e negociações de licenciamento. No entanto, o percurso para identificar fundamentos sólidos para a invalidade de patentes está repleto de desafios. 

Um dos principais obstáculos neste esforço é navegar pelas complexidades de pesquisas de arte anterior. Os investigadores de patentes devem ser vigilantes e abrangentes na sua abordagem, uma vez que a dependência excessiva de tipos específicos de arte anterior ou critérios de pesquisa restritos podem levar a resultados incompletos.  

Além disso, o panorama da técnica anterior é vasto e variado, abrangendo não apenas a literatura de patentes, mas também a literatura não relacionada a patentes (NPL), que muitas vezes pode conter informações críticas que os bancos de dados de patentes podem perder. 

Neste artigo, investigamos cinco armadilhas comuns encontradas na busca por estado da técnica que pode ser usada para invalidar uma patente. Ao compreender estas armadilhas, os profissionais de patentes podem melhorar as suas estratégias de pesquisa, garantindo que descobrem a técnica anterior mais relevante e convincente para desafiar eficazmente a validade de uma patente. 

Conteúdo

I) Excesso de confiança em 102 (b) Arte anterior  

De acordo com a lei de patentes dos EUA, o estado da técnica 102 (b) é frequentemente visto como um recurso vital para aqueles que contestam a validade de uma patente. Isto ocorre porque 102(b) aborda exceções à regra geral de 102(a), que afirma que uma pessoa tem direito a uma patente, a menos que: 

  1. A invenção reivindicada foi patenteada, para uso público, à venda, descrita em uma publicação impressa ou de outra forma disponibilizada ao público antes da data de depósito efetivo da invenção reivindicada, OU 
  2. A invenção reivindicada foi descrita em uma patente emitida sob a seção 151 (cobrindo a emissão de uma patente mediante pagamento de taxa) ou em um pedido de patente/patente que nomeia outro inventor e foi efetivamente depositado antes da data de depósito efetivo da invenção reivindicada. 

A importância do estado da técnica 102 (b) reside na sua capacidade de antecipar toda a reivindicação da patente ao: 

  1. Citando divulgações publicadas mais de um ano antes da data de depósito efetivo da invenção reivindicada, que eram:  
    • Feito pelo inventor, co-inventor ou outro indivíduo que obteve o objeto direta ou indiretamente, OU 
    • Divulgado publicamente pelo inventor, co-inventor ou outro indivíduo que obteve o assunto direta ou indiretamente.
  2. Citando divulgações que aparecem em patentes/pedidos de patente onde:  
    • O objeto divulgado foi obtido direta ou indiretamente do inventor ou co-inventor. 
    • Antes do depósito, o assunto foi divulgado pelo inventor, co-inventor ou outro indivíduo que obteve o assunto direta ou indiretamente, OU 
    • O assunto divulgado e a invenção reivindicada pertenciam ou foram atribuídas à mesma pessoa (antes da data de depósito efetivo).

Embora as referências do estado da técnica 102(b) sejam altamente valorizadas porque são publicadas antes da data de depósito efetivo da patente alvo e demonstram falta de novidade ao divulgar todas as limitações de reivindicação, elas são frequentemente os tipos de referências mais difíceis de identificar. 

Portanto, é crucial ampliar sua pesquisa para incluir outras disposições legais que possam revelar limitações de reivindicações através de uma interpretação diferente. Os exemplos incluem a identificação de uma falta de referência de novidade publicada, depositada ou reivindicando prioridade antes da data efetiva de depósito, ou a combinação de duas ou mais publicações da técnica anterior para mostrar que a invenção reivindicada é óbvia ou carece de atividade inventiva. 

Resumo: Depender apenas do estado da técnica 102(b) pode enfraquecer sua capacidade de contestar a validade da patente de forma abrangente. Ao expandir sua pesquisa para incluir uma variedade de referências de técnicas anteriores que cubram as reivindicações, individualmente ou em combinação, você aumenta suas chances de apresentar técnicas anteriores relevantes que apoiem um argumento robusto contra a validade da patente. 

II) Confiança cega em filtros de banco de dados

O uso de filtros de banco de dados, especialmente filtros de data, em bancos de dados de patentes é uma prática comum para agilizar a busca por estado da técnica. No entanto, esta abordagem pode levar a armadilhas significativas. É crucial reconhecer as limitações e potenciais imprecisões associadas à confiança cega nestes filtros. 

Os bancos de dados de patentes geralmente contêm pedidos “fantasmas”, que são registros que aparecem no banco de dados sem documentos publicados correspondentes.  

Essas entradas fantasmas podem enganar os pesquisadores, fazendo-os acreditar que encontraram arte anterior relevante quando, na verdade, não existe nenhuma publicação real. Assim, confiar apenas nos metadados do banco de dados pode resultar em resultados de pesquisa incompletos ou errôneos. 

Para evitar esse problema, verifique sempre a existência e relevância das publicações conferindo os próprios documentos PDF. Não dependa apenas dos metadados fornecidos pelo banco de dados. A revisão dos documentos completos garante que todos os detalhes críticos sejam considerados, que de outra forma poderiam ser perdidos. 

Além disso, as discrepâncias nas datas de publicação, especialmente para literatura não relacionada a patentes (NPL), representam um desafio significativo. Os NPL podem aparecer online ou ser distribuídos por correio antes da data de publicação oficial registada na base de dados.  

Por exemplo, um artigo de revista acadêmica pode estar disponível no site de uma editora semanas ou meses antes da data oficial de publicação. Este acesso antecipado poderia ser qualificado como arte anterior, mas se a base de dados listasse apenas a data oficial, esta referência crucial poderia ser ignorada. 

Portanto, é essencial verificar datas de publicação de múltiplas fontes. Aqui estão algumas ações importantes para evitar armadilhas: 

  1. Verifique a existência de documentos: 
    • Acesse sempre os documentos PDF reais, não apenas os metadados. 
    • Certifique-se de que a publicação realmente exista e corresponda ao registro do banco de dados. 

         2. Verifique as datas de publicação: 

    • Compare datas de várias fontes para garantir a precisão. 
    • Esteja atento às primeiras distribuições on-line ou por correio que podem não estar refletidas no banco de dados.
  •  

          3. Considere o contexto da divulgação: 

    • Compreender o contexto em que o estado da técnica foi divulgado. 
    • Relatórios técnicos ou apresentações em conferências podem ser qualificados como estado da técnica antes de sua publicação oficial. 

Resumo: A confiança cega nos filtros do banco de dados pode levar a pesquisas incompletas ou imprecisas do estado da técnica. Ao verificar a existência e a relevância dos documentos e ao cruzar as datas de publicação, os pesquisadores de patentes podem evitar essas armadilhas. Esta abordagem minuciosa garante que toda a técnica anterior potencial seja considerada, fortalecendo assim o argumento a favor da invalidade da patente. 

III) Traçar uma linha na data crítica 

Nas pesquisas de nulidade de patentes, é prática comum focar apenas nas referências publicadas antes da data crítica, que normalmente é a data de depósito ou data de prioridade do pedido de patente.  

Embora esta abordagem seja lógica e muitas vezes eficaz, também pode ser uma armadilha se conduzir à exclusão automática de referências publicadas pouco depois da data crítica. 

Os pesquisadores de patentes devem evitar o erro de desconsiderar publicações dentro de um ano após a data crítica. Estas referências podem fornecer informações valiosas que podem levar à descoberta da técnica anterior relevante antes da data crítica.  

Além disso, as publicações deste período podem oferecer informações sobre a evolução da tecnologia e das tendências da indústria, revelando potencialmente especialistas ou documentos que podem apoiar ainda mais o argumento da invalidez. 

Aqui estão as principais razões pelas quais as referências publicadas logo após a data crítica não devem ser ignoradas: 

  1. Descobrindo informações de datas pré-críticas: 
    • Publicações que aparecem logo após a data crítica podem citar trabalhos anteriores que sejam relevantes. 
    • Essas referências podem levar os pesquisadores a estado da técnica anterior à data crítica, que pode não ter sido inicialmente considerada. 

        2. Compreendendo a evolução da tecnologia: 

    • O exame de publicações logo após a data crítica pode fornecer contexto sobre o estado da arte na época. 
    • Esta compreensão pode ajudar a demonstrar como a invenção reivindicada era óbvia ou uma progressão natural da tecnologia existente. 

        3. Identificação de potenciais testemunhas especializadas: 

    • Os autores de publicações desse período costumam ter conhecimento na área e podem servir como peritos. 
    • Esses especialistas podem fornecer testemunho sobre a obviedade ou a falta de novidade da invenção reivindicada. 

       4. Citações cruzadas: 

    • Publicações com data pós-crítica geralmente citam trabalhos anteriores, que podem ser investigados mais detalhadamente. 
    • Essas citações podem revelar joias escondidas do estado da técnica que fortalecem o caso de invalidez. 

Resumo: A exclusão automática de referências publicadas após a data crítica pode resultar na perda de oportunidades de encontrar arte anterior relevante.  

Ao considerar as publicações dentro de um ano após a data crítica, os investigadores de patentes podem obter informações valiosas sobre o estado da tecnologia e descobrir referências adicionais que apoiam o argumento da invalidade.  

Esta abordagem mais ampla garante uma pesquisa de invalidez de patente mais abrangente e eficaz. 

IV) Padrão firme de “interpretação mais ampla e razoável” 

Outra armadilha comum nas pesquisas de nulidade de patentes é a aplicação rígida do padrão “Broadest Reasonable Interpretation” (BRI), uma prática herdada do processo de exame de patentes.  

Embora esta abordagem possa ser útil durante o exame de uma patente, pode nem sempre ser apropriada ou eficaz em pesquisas de nulidade. A norma BRI envolve a interpretação de reivindicações de patentes tão ampla quanto razoavelmente possível para abranger todas as interpretações potenciais, com o objetivo de garantir que a patente não exceda os limites. 

No entanto, esta interpretação ampla pode por vezes levar a resultados imprecisos ou à negligência de nuances críticas nas reivindicações. Para evitar esta armadilha, é essencial adoptar um quadro de interpretação mais matizado e preciso que tenha em conta vários factores-chave. 

  1. Interpretação do Examinador: 
    • Considere como o examinador de patentes interpretou as reivindicações durante o processo. 
    • Revise as notas do examinador e quaisquer referências citadas durante o processo de exame para compreender o escopo das reivindicações.  

        2. Argumentos do Requerente: 

    • Analise os argumentos apresentados pelo requerente da patente durante o processo, incluindo quaisquer alterações de reivindicação e respostas a ações do escritório. 
    • Estes argumentos muitas vezes esclarecem o âmbito pretendido das reivindicações e podem destacar limitações que podem não ser aparentes apenas na linguagem da reivindicação. 

       3. Razões para permissão: 

    • Investigue as razões fornecidas pelo examinador para permitir as reivindicações. 
    • Isto pode revelar elementos ou combinações de reivindicações específicas que foram consideradas novas e não óbvias, que são cruciais para determinar a relevância da técnica anterior. 

        4. Construção de reivindicação de decisão Markman: 

    • Nos casos em que a patente foi litigada, revise a audiência de Markman e a construção da reivindicação do tribunal. 
    • A interpretação das reivindicações pelo tribunal pode impactar significativamente o escopo e a validade da patente. 

Ao discutir e esclarecer a estrutura de interpretação com a equipe que encomenda a pesquisa, os pesquisadores de patentes podem garantir uma abordagem mais precisa e eficaz. Isto envolve um exame detalhado do histórico do arquivo de patentes e de quaisquer documentos de litígio relevantes para obter uma compreensão abrangente do escopo da reivindicação. 

Resumo: A adesão estrita ao padrão de interpretação mais ampla e razoável pode levar a uma compreensão excessivamente ampla e às vezes imprecisa das reivindicações de patente.  

Ao incorporar uma estrutura de interpretação detalhada e específica ao contexto, incluindo notas do examinador, argumentos do requerente, razões para concessão e decisões judiciais, os pesquisadores de patentes podem avaliar com mais precisão a técnica anterior e fortalecer o caso de nulidade.  

Esta abordagem garante uma pesquisa precisa e completa de nulidade de patente, reduzindo o risco de ignorar a técnica crítica anterior. 

V) Focando exclusivamente na literatura de patentes 

Uma armadilha significativa nas pesquisas de nulidade de patentes é o foco exclusivo na literatura de patentes, negligenciando a literatura não-patente (NPL). A literatura de patentes inclui patentes concedidas anteriormente e pedidos de patentes publicados, que são fontes vitais de arte anterior. No entanto, confiar apenas na literatura de patentes pode resultar na falta de técnicas anteriores relevantes encontradas em diversas fontes fora do domínio das patentes. 

A literatura não relacionada a patentes abrange uma ampla gama de publicações, incluindo artigos de periódicos, anais de conferências, normas técnicas, teses, livros didáticos, manuais de produtos, vídeos, postagens em blogs e muito mais.  

Estas fontes podem muitas vezes conter informações críticas anteriores à patente em questão e podem ser fundamentais para contestar a sua validade. 

Aqui estão os principais motivos para expandir as pesquisas além da literatura de patentes: 

  1. Escopo mais amplo de informações: 
    • A literatura não relacionada a patentes geralmente cobre avanços tecnológicos, resultados experimentais e aplicações práticas que podem não ser capturadas em documentos de patentes. 
    • Publicações de pesquisa acadêmica e industrial podem revelar técnicas anteriores que demonstrem a falta de novidade ou obviedade da invenção reivindicada. 

       2. Divulgações antecipadas: 

    • Os desenvolvimentos e inovações tecnológicas são frequentemente divulgados em anais de conferências e artigos de periódicos antes de serem patenteados. 
    • Estas divulgações iniciais podem servir como fortes referências da técnica anterior para invalidar reivindicações de patente. 

       3. Aplicações do mundo real: 

    • Lançamentos de produtos, manuais de usuário e especificações técnicas geralmente descrevem implementações de tecnologia que podem antecipar reivindicações de patentes. 
    • Esses documentos fornecem insights práticos sobre como a tecnologia era usada e compreendida na indústria antes da data do depósito da patente. 

      4. Diversos formatos e mídias: 

    • A literatura não relacionada a patentes vem em vários formatos, incluindo mídias digitais e físicas, que podem não estar totalmente digitalizadas ou indexadas em bancos de dados de patentes. 
    • O acesso a bibliotecas e arquivos físicos pode revelar joias ocultas da arte anterior que não estão disponíveis online. 

       5. Normas e Regulamentos Técnicos: 

    • Os padrões industriais e os regulamentos técnicos muitas vezes precedem as patentes e podem fornecer uma base para invalidar reivindicações. 
    • Estes documentos podem mostrar que a invenção reivindicada já era exigida ou sugerida pelas normas existentes. 

Resumo: Focar exclusivamente na literatura de patentes pode resultar em uma pesquisa incompleta do estado da técnica. Ao incorporar literatura não relacionada a patentes, como artigos de periódicos, anais de conferências, padrões técnicos, manuais de produtos e muito mais, os pesquisadores de patentes podem descobrir arte prévia crítica que fortalece o argumento a favor da invalidade da patente.  

Uma estratégia de pesquisa abrangente que inclua literatura patenteada e não-patente garante uma pesquisa de invalidez completa e eficaz, aumentando a probabilidade de contestar com sucesso a validade de uma patente. 

Considerações Finais

Conduzindo um minucioso pesquisa de invalidez de patente é um processo complexo e meticuloso, que exige um profundo conhecimento das diversas fontes do estado da técnica e o uso estratégico de disposições legais.  

As armadilhas discutidas – confiança excessiva no estado da técnica 102(b), confiança cega nos filtros do banco de dados, adesão rígida à data crítica, aplicação estrita do padrão de interpretação mais ampla razoável e foco exclusivo na literatura de patentes – destacam os desafios e nuances envolvidas nesta empreitada. 

Em última análise, o objectivo é garantir que o sistema de patentes permaneça robusto e que apenas invenções verdadeiramente novas e não óbvias recebam protecção de patente.  

Ao evitar estas armadilhas comuns e ao adotar uma estratégia de pesquisa holística, os profissionais de patentes podem contribuir para a integridade e justiça do sistema de patentes, garantindo que a inovação seja devidamente recompensada e protegida. 

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